Walter Robert McAlister foi um ministro protestante canadense radicado no Brasil, nasceu em Ontario, Canadá. Vindos de uma família originalmente evangélica e com tradição no reavivamento pentecostal, ele e seus irmãos, Elizabeth e Jack, foram criados na igreja e nunca saíram dela, mesmo assim, Robert não queria saber de Deus. Era considerado a "ovelha negra" da família, apesar de seus pais nunca terem deixado de orar por ele. Seu pai, Walter E. McAlister, era pastor da Igreja da Pedra (pela característica arquitetônica) em Toronto, Ontario, e superintendente geral das Assembléias Pentecostais do Canadá. Era um homem extremamente humilde. Sua maior característica era nunca falar mal de ninguém. Sua mãe, Ruth, sempre foi dona de casa.
Quando Robert se converteu, aos 17 anos, no dia 18 de setembro de 1948, era inspetor de seguros de carro, ou seja, calculava quanto cada carro iria pagar de seguro. Só largou este trabalho para estudar, durante três anos, em uma escola bíblica, a Eastern Pentecostal Bible College, em Peterborough, Ontario, que fica a duas horas ao norte de Toronto, de ônibus.
Já missionário, o primeiro lugar em que pregou foi nas Filipinas. A primeira ministração foi em Formosa, em 1953. Ficou dois anos no país. Na volta, ele passou por Hong Kong e fundou as duas primeiras Igrejas de Nova Vida. Elas existem até hoje com os mesmos pastores, mas não são vinculadas ao ministério no Brasil.
Em 1955, foi para os EUA fazer uma cruzada e conheceu uma moça de Charlotte, em Carolina do Norte. Eles se conheceram em um sábado de manhã. Estavam tomando café na casa da mãe dela, onde ele estava hospedado. Eles conversaram e, dois dias depois, na segunda-feira, ele a pediu em casamento. Ela perguntou porque ele tinha demorado tanto para se decidir. E os dois casaram pouquíssimo tempo depois, no dia 10 de junho de 1955.
Robert seria missionário em Calcutá, na Índia, no entanto, às vésperas da viagem descobriu que, como canadense, podia ir e sua esposa por ser americana, não. Por isso sua entrada foi proibida. O sonho de ser missionário na Índia havia acabado. Com isso, deu os 5 mil dólares que tinha guardado para fazer a viagem ao seu melhor amigo, Mark Buntain, que foi missionário na Índia durante anos. Entre uma turnê e outra, foi convidado para pregar em uma igreja durante um ano em South Bend, Indiana, depois voltou para Charlotte, para o nascimento do filho Walter. Em 1956, foi ser missionário em Paris, na França, ao retornar para Charlotte, continuou com as missões e pregou algumas vezes na igreja de seus pais. Mas foi quando o pastor Lester Summeral convidou-o para fazer uma campanha evangelística no Brasil, que Deus falou ao seu coração que a sua missão era evangelizar o nosso país.
Como tudo começou
"O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (João 3.8)
Acostumado a realizar cruzadas pelo mundo inteiro, o Bispo Roberto foi convidado por Lester Summeral para participar de uma campanha evangelística no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, em 1958. Ele só havia estado no Brasil uma única vez, em sua lua-de-mel. Quando a campanha terminasse, ele continuaria a correr o mundo pregando a Palavra de Deus. Foi neste dia que Roberto ouviu uma voz: "Este é o lugar para o qual Eu o chamei para pregar a Minha Palavra". Era a voz de Deus e sua rota não foi mudada por um simples vento, como a do navegador, e sim por Aquele que é mais poderoso do que qualquer furacão: o vento do Espírito Santo. Ao final da campanha, teve que voltar correndo para o Canadá, pois sua filha tinha acabado de nascer. Decidido a cumprir o chamado de Deus, poucos meses depois, em 1959, Robert McAlister veio morar no país acompanhado da esposa, Glória, e de seus filhos, Walter, com dois anos e meio, e Heather Ann, de apenas seis meses.
Primeiro foi para São Paulo, mas todas as portas se fecharam. Era a mão de Deus, pois ele estava sendo chamado para o Rio de Janeiro, por isso, foram morar em Santa Teresa e foi assim que tudo começou.
A Igreja que começou no rádio
A Igreja de Nova Vida nasceu de um programa de rádio, a “VOZ DA NOVA VIDA”, que foi transmitida pela primeira vez no dia 1º de agosto de 1960, às 6h30, através da Rádio Copacabana"É tempo de ouvir uma mensagem de Nova Vida". Foi assim que começou a primeira transmissão do início da Igreja Nova Vida. Através deste programa, o missionário Roberto fundou a pioneira de muitas igrejas evangélicas renovadas no Brasil: a Cruzada de Nova Vida.
O Bispo Roberto McAlister teve que fazer um curso intensivo da língua portuguesa (oito horas por dia em um período de três meses), para poder fazer a locução do programa de 15 minutos.
Tudo tinha que ser escrito, até a oração. "Tudo era lido, mas com unção, como se estivesse sendo só falado", diz o Pr. Walmir Cohen, que trabalhou com o bispo nos programas de rádio por vários anos. A gravação dos primeiros programas foi realizada na casa do Bispo Roberto, tendo como estúdio um quarto com cobertores pendurados nas janelas, para abafar os ruídos dos carros.
O grande impacto causado pelas mensagens de salvação do bispo levou-o a fazer dois programas diários, um às 06h30 e outro às 18h30. Em 1963, ele sentiu a necessidade de alcançar todo o Brasil com as Boas Novas.
Com isso, transferiu o programa para a Rádio Mayrink Veiga, às 08h10. A Rádio Guanabara também veiculou o programa até que fosse transferido para a Rádio Relógio, comprada pela igreja em 1967. A partir daí, a Igreja de Nova Vida começou a produzir mais programas, como o Café Espiritual. "A Rádio Relógio foi mais um dos grandes milagres de Deus, depois de muitas lutas, o contrato foi assinado e as duplicatas emitidas. Ela contribuiu muito para o crescimento da Igreja de Nova Vida. A sua venda foi como rasgar uma página da nossa história", lamenta o Bispo Tito Oscar.
Frases que lhe caracterizavam começaram a ser repetidas pelo povo, como "Que Deus o abençoe rica e abundantemente" e "É chegada a hora da oração".
A audiência foi crescendo e no primeiro ano de programa recebera doze mil cartas. Enfatizando a cura das enfermidades nas transmissões, com isso o Pastor Roberto sentiu necessidade de passar aos ouvintes a base bíblica de suas declarações. Naquele momento surgia o seu primeiro livro, "Perguntas e Respostas sobre a Cura Divina", que era dado a quem escrevia para o programa. O livro esgotou-se no primeiro mês.
Da Rádio para o Templo
Milhares de pessoas falavam sobre as pregações e suas vidas transformadas pela Palavra de Deus nos programas de rádio. Muitas pessoas procuravam a rádio para buscar orientação espiritual, até que alugou um escritório no Edifício Central, na Avenida Rio Branco centro do Rio. Mas o fluxo de pessoas era tão grande que não dava mais para ficar só na rádio e em escritórios. Um desejo começou a invadir o coração do missionário canadense: reunir todos os ouvintes num lugar para falar de Jesus.
O poder de Deus no programa de rádio era tamanho que houve a necessidade de terem um local para reuniões. Foi às 14h30 no 9o andar do edifício da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), na rua Araújo Porto Alegre 71, Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1961, dia das mães, que se iniciou o primeiro culto da Cruzada de Nova Vida em local fixo. O auditório estava lotado e a ordem do culto foi a mesma que conhecemos até hoje: louvor, oferta e mensagem, além das orações e testemunhos. O convite para seguir a Jesus Cristo foi aceito por centenas de pessoas, que ficaram de pé, anunciando o desejo de segui-Lo. "Foi um culto muito alegre. Era impossível não sentir a presença do Espírito Santo", conta D. Elza Queiroz, esposa do Bispo Jorcelino.
Centenas de pessoas reconheceram a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas. Domingo após domingo Deus manifestava o Seu poder. Os novos convertidos eram aconselhados a congregarem em uma igreja próxima de suas casas, porém o número de membros foi crescendo tanto que houve a necessidade de se criar mais um culto. Além disso, o crescimento espiritual "pedia" mais busca do Espírito Santo.
"Ah, que saudade! Aquele domingo pela manhã, quando sentimos necessidade de mais uma reunião, pois o povo começou a cantar no espírito pela primeira vez", suspirou o Bispo Roberto na revista A Voz. A partir daí, nas quartas-feiras, criou-se mais um dia de louvor e milagres de Deus.
Gabinete Pastoral
Uma grande inovação foi trazida pela Nova Vida para o meio evangélico. Os escritórios onde os estúdios de gravação funcionavam, na Av. Graça Aranha, 174 - salas 920 e 921, começaram a ser utilizados também como gabinete pastoral. Os ouvintes recebiam orações e conselhos, além de ganharem livros do bispo.
A procura pelo gabinete foi tão grande que mais três salas foram alugadas, em agosto de 1962, todas ficavam no 10º andar do Edifício Avenida Central, na Av. Rio Branco. As salas só foram fechadas quando houve a transferência para o Templo de Nova Vida de Botafogo em abril de 1971. "Muitas pessoas que nunca entrariam em uma igreja evangélica foram recebidas. Centenas de horas foram utilizadas para ouvir e aconselhar. Muitas orações foram feitas e atendidas naquele lugar. "Ainda hoje, todas as nossas igrejas mantém um tempo durante a semana para este tipo de ministério", diz o Bispo Tito Oscar. E na Nova Vida, como em outras igrejas evangélicas, há membros fiéis à Palavra de Deus que nasceram espiritualmente no gabinete pastoral da Cruzada de Nova Vida.
A abertura de Igrejas
O fato de ser um auditório trazia algumas dificuldades, mas todas eram resolvidas. Quando tinha batismo, um tanque de madeira era montado na plataforma, que servia de púlpito. "Era trabalhoso. Enchia de água e depois tinha que esvaziar e desmontar", diz D. Elza. E o instrumento para o louvor? Como o auditório era alugado para outros eventos, o Bispo Roberto tinha que empurrar todo dia de culto o órgão do escritório na Av. Graça Aranha até a ABI, na Rua Araújo Porto Alegre. Uns duzentos metros mais ou menos.
A abertura de Igrejas foi uma conseqüência natural e espontânea deste mover do Espírito Santo. A ABI foi um passo importante no progresso da igreja.
Em 7 de março de 1965 foi inaugurada a primeira Igreja de Nova Vida, em Bonsucesso, Rio de Janeiro. A Cruzada se transformara primeiramente em Igreja Pentecostal de Nova Vida e posteriormente, pela direção que Deus dera ao Bp. Roberto McAlister, em Igreja de Nova Vida, nome mantido até os dias atuais. Deus confirmava a visão que havia dado ao então missionário Roberto. O ministério da Nova Vida crescia, enquanto ele seguia em direção ao alvo que o Espírito Santo lhe deu: "O Brasil para Cristo em nossa geração". A sede em Botafogo seria inaugurada no ano de 1971.
Avançando na mídia
Em 1978, a Igreja de Nova Vida iniciou o programa de televisão "Coisas da Vida", sendo uma das pioneiras na utilização da televisão como meio de evangelização. Através deste programa milhares de vidas por todo o país se entregaram a Jesus Cristo. Logo depois foi criada a Escola Ministerial, onde vários pastores foram preparados e ordenados, pois a Igreja de Nova Vida crescia rapidamente. Além desses trabalhos, a Igreja de Nova Vida sempre atuou com firmeza na produção de livros e revistas.
Em 1964, antes mesmo das primeiras igrejas nascerem, a Palavra de Nova Vida já estava circulando. Com dezesseis páginas e uma edição um tanto irregular, ela circulou até 1966, chegando a ter uma tiragem de vinte mil exemplares. Mais tarde, surgia uma nova publicação, A Voz da Nova Vida. Esta revista marcou um período importante na história da igreja. Pastores e líderes foram atingidos do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Paralelamente, o pastor McAlister acompanhava o crescimento do trabalho com uma produção muito abençoada de livros. As Dimensões da Fé Cristã, Os Alicerces da Fé, As Alianças da Fé, A Experiência Pentecostal, Medo, Crentes Endemoninhados: a Nova Heresia, foram livros básicos na formação doutrinária do trabalho.
O descanso
Bispo Roberto McAlister tinha um histórico cardíaco e já havia feito três operações de ponte de safena. Na última, o coração aderiu ao peito. Quando foram fazer o transplante, uma hemorragia começou e ele não resistiu. O Senhor o levou para perto Dele em 13 de novembro de 1993. O pastor foi embora, mas os seus ensinamentos ficaram marcados em suas ovelhas. A base de seu ministério era "Jesus salva, cura, liberta e batiza com o Espírito Santo". A maior mensagem que ele passava é que "com fé, tudo é possível" e "nada é impossível ao que crê". O que mais marcava o ministério do bispo eram as curas. Para ninguém esquecer, em todo lugar em que pregava, o bispo fixava no púlpito um cartaz, que dizia: "Ele perdoa todas as tuas iniqüidades e sara todas as tuas enfermidades" (Salmo 103:3).
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