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Lamin Sanneh - A dinâmica do amor

a-dinamica-do-amorDurante minha infância, quando se aproximava o jejum do mês de Ramadã, havia entre nós uma atmosfera muito emocionante; sentíamos solidariedade entre a comunidade. Eu esperava esse mês com muita ansiedade e participava com muito gosto desse tempo que era guardado para os homens adorarem a Alá e se submeterem a ele, o centro da nossa devoção. Às vezes, sentia desejo de driblar sua rigidez, pois víamos Alá como um deus duro e inflexível em suas exigências. Mas isto era acompanhado da satisfação de haver cumprido o requisito primordial que ele nos impunha. Sem dúvida, era maravilhoso o dia do banquete que se seguia ao jejum. Eu aproveitava a comida e gostava de ir com meus amigos, vestido com meus mantos limpos, ao lugar de oração. Havia um sentimento glorioso de ter cumprido com minhas obrigações para com ele.

Fui a um internato islâmico. Nos dias especiais, passávamos a noite inteira em oração, e, ao clarear da manhã, parecia que com a aurora, amanhecia sobre nós a misericórdia de Alá. Esta era a disciplina religiosa à qual eu estava sujeito quando muçulmano e sou muito grato a ela.

Talvez você pergunte por que, tendo tudo isto, tornei-me um cristão. O fato é que esta mesma cultura e tradição que dava profundidade e significado à minha vida, despertou em minha mente muitas interrogações: perguntas com relação a Deus e ao homem; à vida e à morte; e à realidade absoluta. Estas perguntas fizeram-me voltar ao Corão, e encontrar ali algo que chamou muito minha atenção: seu testemunho com relação à Jesus Cristo, o profeta e apóstolo, mas não o crucificado, pois, segundo o Corão, outra pessoa tomou o seu lugar na cruz. Eu me interessava pelo tema da morte e da vida depois da morte, e percebi que se Deus tinha agido diretamente para colocar outra pessoa na cruz no lugar de Jesus, sobre ele caía a responsabilidade por quem quer que tivesse morrido ali.

Então pensei: mas o que seria se Jesus realmente morreu na cruz e Deus assim o quis? Refleti sobre o sofrimento, a tristeza e as esperanças destruídas que são parte da vida, e me pareceu que a cruz me dizia algo referente ao seu mistério mais profundo. Desde então, interessei-me muito pela obra redentora de Jesus. Aceitei como fato histórico sua morte na cruz, e, finalmente cheguei à conclusão de que Cristo fez isso por mim, por meus pecados.

Minha aceitação de Cristo proveio do Corão. Posteriormente, passei a ler a Bíblia e descobri a fantástica verdade de que Deus me ama tal qual sou e que não lhe interessa quantos pontos tenha acumulado a meu favor. Um dos maiores tropeços até percebemos que Ele nos ama como somos, é que cuidamos de ser bons, de impressioná-lo com nossas boas obras. Ou, às vezes, vamos para o outro extremo, ficando desesperados por causa de nossos pecados; confessamos-lhe os pecados e esperamos que Ele sinta pena de nós. Mas o maravilhoso é que, segundo o Novo Testamento, Deus nos ama como somos. Isto foi algo muito importante em minha vida.

Deparei-me com muitas dificuldades quando decidi unir-me a uma Igreja. Os irmãos não estavam acostumados com pessoas como eu e se mostravam receosos em aceitar-me. Tive que abrir caminho insistindo em que devia estar ali. Alguém me disse: “Você deve ser muito importante para que Deus o tenha chamado do Islamismo”; e isto foi uma tentação para cair no orgulho. É fácil menosprezar a igreja e dizer: “Todos são maus; não quero fazer parte deles.” Cheguei a ser apedrejado e zombado nas ruas pelos meus antigos amigos muçulmanos. Sentia-me tentado a pedir que a ira de Deus caísse sobre eles.

Nestas situações, Deus mostrou-me que a Cruz do Calvário é um fato indiscutível e eterno, que transforma nossa vida continuamente, em todas as circunstâncias. Sejam quais forem nossos sentimentos, Deus nos ama, porque ali está a cruz, e que grande alívio nos dá reconhecê-lo! Eis aqui em parte, o segredo das palavras do salmista: “Para onde fugirei da tua presença?” A presença de Deus é seu amor que nos rodeia e envolve. O apóstolo João disse: “Vede quão grande amor nos deu o Pai.” Deus me ama tal como sou.

O apóstolo Paulo refere-se a nós como vasos de barro que contêm um tesouro, e este tesouro é o próprio Deus. Se chegamos a conhecer esta verdade, então vamos desejar que todos a conheçam. E por isso que também procuramos ganhar os muçulmanos para Cristo.

Depois de estudar mais sobre o Islamismo e sobre o árabe no Líbano, regressei à África para ajudar as Igrejas a aproximarem-se do povo muçulmano. Quando realmente entendemos que Deus nos ama, vemos que isto significa que Ele confia em nós; tanto é verdade que Ele mesmo, na pessoa de Jesus cristo, entregou-se em nossas mãos. A única maneira de Deus se fazer conhecido é através da dinâmica do amor.

Louvo a deus pela maneira que me levantou e por tudo o que me deu. Louvo-o também pelos dons e tesouros imensos que herdei por causa de minha formação muçulmana. Ele deseja que tudo isso seja usado para sua glória, para declarar que o segredo escondido de minha formação era Cristo Jesus. E Ele está sentado no trono à destra do Pai e deseja que eu declare esta verdade com amor, humildade, paciência e gratidão, dando em tudo graças ao Senhor.

 

 

 

R. F. Wootton

@ 1987 Misiones Mundiales

Casilla 711, 3000 Santa Fé, Argentina

 

 

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Este é o homem a quem olharei...

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"Treme da minha palavra...", Isaías 66:1-2

Como isto te parece? O Altíssimo, busca atentamente algo nos homens, algo cujo valor transcende as iguarias dos príncipes desta terra.