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Manuscritos do Mar Morto

manuscritos-mar-mortoNuma manhã de inverno de 1946-1947, três pastores beduínos (nômades do deserto) da tribo Ta’amireh, que estavam com seu rebanho ali, quando à procura de algumas cabras, percebe duas aberturas na rocha. Ao tampar pedras pela abertura da rocha, ouve barulho de cerâmica quebrando. Dois dias após entrou na caverna, encontrando uma série de jarros. Assim começaram a ser encontrados os manuscritos.

Os trabalhos de escavações iniciaram em 15 de fevereiro de 1949 e terminou em 21 de março de 1958. Onze grutas, seis escavadas no flanco do terraço e cinco na base da falésia.

O primeiro manuscrito do Mar Morto foi encontrado no Cairo, Egito. Foi recuperado em 1897 numa guenizáh, local em uma sinagoga onde se guardam cópias de textos sagrados em desuso. O Documento de Damasco (ou Fragmentos Zadoqueus). A obra é dividida em uma Exortação e uma lista de Estatutos. Foi escrito por volta de 10 a.C.

Os manuscritos bíblicos encontrados em Qumran abrangem toda Bíblia hebraica, exceto o livro de Ester e, são aproximadamente mil anos mais antigos do que o mais velho códice.

Um dos primeiros manuscritos retirados das grutas próximas ao sítio de Qumran foi a Regra da Comunidade. Este documento de onze colunas apresenta poucas lacunas e está em bom estado de conservação. Na gruta 4 foram descobertos também outros manuscritos fragmentários da mesma regra.

A comunidade do Mar Morto (ou Qumran) foi estabelecida ali no século II a.C., que sobreviveu por cerca de dois séculos ou mais.

A maioria dos manuscritos está em pergaminho, o restante em papiro.

Além dos manuscritos hebraicos, foram encontrados gregos e aramaicos. Os gregos são fragmentos de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Há fragmentos dos Targuns de Levítico e Jó.

Os manuscritos concordam com o texto massorético e, indicam a existência de “protomassoréticos” entre os séculos I-III a.C..

Onze grutas , seis escavadas no flanco do terraço, cinco na base da falésia.

Os lotes mais significativos provêem das grutas 1Q, 4Q, 11Q.

4Q, o maior número de manuscritos de sete grutas, estas agrupadas em áreas próximas ao Qirbet Qumran. As outras quatro grutas, estão agrupadas em áreas ao norte.

Na 1ª gruta, sete manuscritos. Várias obras sectárias. Dois manuscritos do livro de Isaías, um terceiro é comentário de Habacuque. Os quatro últimos rolos receberam nomes de acordo com seu conteúdo: Apócrifo de Gênesis, Regra (ou Manual de Disciplina), Regra da Guerra dos Filhos da Luz contra os Filhos da Trevas, e Hinos.

 

OS ESCRITOS 

O PRECEITO DA COMUNIDADE (1QS)

 Descoberto na caverna 1, as onze colunas deste manuscrito, relativamente bem conservadas, foi publicado pela 1ª vez em 1951. Importantes fragmentos de outros manuscritos do Preceito, contendo algumas versões diferentes, também forma encontrados nas cavernas IV e V.

O manuscrito  principal leva a marca da modificação editorial. Principalmente a seção que abrange as colunas VIII-IX foi submetida a alteração e é consideravelmente resumida em um dos manuscritos fragmentários.

O Preceito da Comunidade é provavelmente um dos documentos mais antigos da comunidade; sua composição original pode datar de 100 a.C..

Contém trechos de cerimônias litúrgicas, estatutos referentes a iniciação no grupo, à vida comum, organização e disciplina, um código penal e uma dissertação poética sobre os deveres fundamentais do Mestre e seus discípulos. 

PRECEITO DE DAMASCO (CD) 

Fragmentos extensos fora recuperados de três cavernas de Qumrã. Duas cópias incompletas deste documento foram encontradas em 1896-7, em meio a uma grande quantidade de manuscritos jogados num depósito (guenizá) de uma velha sinagoga do Cairo, Egito.

Datando do século X e XII respectivamente, os manuscritos encontrados no Cairo.

O titulo Preceito de Damasco deriva das referências na Exortação à “Nova Aliança” feita na terra de Damasco. É sugerido que este documento tenha sido escrito por volta de 10 a.C.. 

O PRECEITO DA GUERRA (1QM, 4QM) 

Este manuscrito da caverna 1 apareceu pela primeira vez em 1954, com as dezenove colunas muito mutiladas.

Muitos fragmentos de mais seis manuscritos foram descobertos na caverna 4 e publicados em 1982. Alguns deles refletem basicamente o texto da caverna 1.

Trata-se de um escrito teológico, e a guerra mencionada simboliza a luta eterna entre os espíritos da Luz e das Trevas.

A data de sua composição deve ser situada provavelmente nas últimas décadas do primeiro século a.C., ou no início do primeiro século d.C.. 

PERGAMINHO DO TEMPLO (11QT) 

Descoberto em 1956 na caverna 11, este documento só emergiu semi-clandestinamente durante a “Guerra dos Seis Dias”, em junho de 1969.

Este é o manuscrito mais longo de Qumran, com mais de oito metros e meio de comprimento. Existem fragmentos deste documento nas cavernas 4 e 11. Na sua forma original consistiu de sessenta e sete colunas.

A maior parte do Pergaminho trata do Templo, edifício e mobília., cultos, especialmente os sacrifícios nos sábados e festas.

A maior parte da legislação depende direta ou indiretamente de Levítico, Êxodo, e especialmente de Deuteronômio.

Pode ser datado no II a.C., dizem que fragmentos não publicados da caverna 4 podem ser datados da metade do século III a.C.. 

4Q181 

O primeiro fragmento de um documento da caverna 4 que seu editor deixou sem título. Descreve de modo semelhante ao Preceito da Comunidade, os respectivos destinos dos amaldiçoados e dos escolhidos. 

HINOS DE AÇÃO DE GRAÇAS (1QH) 

Este manuscrito sofreu bastante com a deterioração. Foi contado vinte e cinco composições semelhantes aos Salmos bíblicos. Os dois temas fundamentais são salvação e conhecimento.

Com relação a data, o máximo que se pode dizer que esta coleção atingiu sua forma definitiva durante o último século pré-cristão. 

MANUSCRITOS DOS SALMOS ( 11QPsª ) 

Encontrado na caverna 11, incompleto, contém seis poemas não canônicos, intercalados entre os Salmos canônicos.

Os próprios salmos pertencem provavelmente ao século II a.C. no máximo, mas podem ser também do século III a.C.. 

AS PALAVRAS DAS LUZES CELESTES (4Q504) 

Preservadas em três manuscritos fragmentados da caverna 4. São orações para os dias da semana, repletas de reminiscências bíblicas.

É datado dos meados do século II a.C.. 

O PERGAMINHO DE COBRE 3Q15 

Descoberto em 1952. Devido a sua oxidação, foi necessário cortá-lo em 23 tiras, após minuciosa preparação. Foi constatado que se tratava de 3 folhas de cobre, cada uma medindo 30 por 80 centímetros, duas das quais tinham ainda seus lados unidos por rebites, constituindo o maior dos dois rolos. Parece que os dois rolos deviam estar primitivamente fixados um ao outro por essas duas extremidades. O pergaminho é feito de um cobre de extraordinária pureza, com cerca de 1% apenas de estanho.

O texto gravado, em caracteres hebraicos quadrados, sobre essa tira de cobre, que tem, no total, um comprimento de 2,40 metros. Estava ali uma lista de sessenta e quatro locais de tesouros ocultos. Não tem introdução, nem ornamentos, apenas enumera um após outro, normalmente começando com uma frase preposicional, seguida de uma das localizações, depois a quantidade dos objetos de valor é informada. A maior parte do material oculto constitui-se de ouro e prata. As quantidades são grandes, sendo medidas em termos de talentos.

Entre as muitas peculiaridades do chamado “Pergaminho de Cobre”, é a existência de grupos de duas ou três letras gregas que se seguem a sete dos lugares. Tais grupos, KeN, XAG, HN, Qe, DI, TP e SK, não são palavras ou abreviações conhecidas 

KITTIM 

Ligado ao final da história de Qumran, temos os Kittim, que trataremos resumidamente. O termo Kittim em sua origem descreve os habitantes de Kition, uma colônia fenícia em Chipre. Josefo já diz que são os que viviam em todas ilhas e a maioria dos países marítimos. Já em 1º Macabeus o autor identifica-os com os Macedônios. Sua identificação está baseada na suposição que a Pérsia é identificada com o reino Assírio. Tendo a Assíria conquistado a Pérsia.

Outra idenficação que é feita, está no livro de Daniel, onde os Kittim poderiam ser identificado com os Romanos (Daniel 11:29-30). O autor do livro dos Jubileus parece identificá-los com o povo que viveu na área da Grécia.

Os Kittim são mencionados em sete rolos dos manuscritos do Mar Morto (Qumran), seis são escritos sectários.  No Rolo ou Preceito da Guerra, são descritos como o maior inimigo da comunidade, sendo mencionados oito vez em 1QM. No Comentário de Habaquq , o posicionamento é neutro.

Geza Vermes ressalta que o Comentário de Habaquq , o comentarista diz : “isto significa que eles fazem sacrifícios a seus estandartes e adoram suas armas de guerra” (1Qp Hab. Vi,3-5). Segundo Vermes este costume de adorar os signa era característico da religião dos exércitos romanos, como confirma Josefo em seu relato da tomada do Templo de Jerusalém por Tito em 70 d.C.

No Pesher de Isaías, os Kittim são mencionados somente na interpretação de Isaías 10: 33-34. No Pesher de Isaías (10:28-34) narra o caminho que o inimigo marcha do nordeste para Jerusalém conquistando varias vilas. Quando o inimigo já muito próximo de Jerusalém, Deus esmagará ele e Jerusalém será redimida. No Pesher de Isaías 10, na coluna 2 linha 27 lemos: ‘quando ele vier do Vale do Acco lutar em Fil[istia]’.  O inimigo avançará em Jerusalém vindo do nordeste. A redenção de Jerusalém teria sido explicada como ato divino. Neste Pesher podemos identificar os Kittim com reino Helenístico.

Em 1º Macabeus, 4Q247, Rolo da Guerra e o Pesher de Isaías, podemos identificá-los como reinos Helenísticos. 

A COMUNIDADE 

A composição da Comunidade segundo a Regra da Comunidade (1QS VIII): “Segundo o programa da Comunidade (haverá) doze homens e três sarcedotes perfeitos em toda revelação em dependência de toda Lei, (destinada) a praticar a verdade, justiça, direito, amor benevolente e modéstia de conduta, cada um para com seu próximo, a conservar a fidelidade no país, com firme disposição e espírito contrito, e a expiar a iniquidade, praticando o direito e (suportando) angústia da purificação pelo fogo (fornalha), e a caminhar com todos em atitude de verdade e segundo a divisão do tempo”.

Este é o resto fiel que obedece à Lei de Moisés e a todas as revelações particulares a Levi e a seus descendentes. Em semelhante projeto existe contestação das instituições religiosas de Jerusalém (templo, expiações, recusa do novo calendário litúrgico).

A nova Comunidade constituirá o verdadeiro templo, no qual poderá desenvolver uma liturgia segundo a vontade divina. Viver nessa Comunidade implicará, comportar-se sempre em perfeito estado de pureza como no Templo ou até como no Santo dos Santos do Templo.

Os três objetivos do grupo são: estabelecer a aliança segundo os decretos eternos, expiar em favor do país e dar aos maus sua retribuição.

A Comunidade de Qumran foi solidamente estabelecida ali no século II a.C. que sobreviveu por cerca de dois séculos ou mais.

A Comunidade, os sacerdotes eram descritos como “filhos de Sadok”, um sumo sacerdote do tempo de David.

O ingresso na Comunidade se dava conforme consta na Regra da Comunidade (1QS VI): “Todo homem nascido em Israel, que livremente pleiteie o ingresso no Conselho da Comunidade, será examinado pelo Guardião à frente da Congregação quanto a seu entendimento e a seus atos. Se ele estiver apto para a disciplina, será admitido na Aliança para que possa ser convertido à verdade e deixar toda a falsidade. E ele (o Guardião) o instruirá em todas as regras da Comunidade. E mais tarde quando (o postulante) se postar diante da Congregação, todos deliberarão sobre seu pleito, e conforme a decisão do Conselho da Congregação ele ingressará ou será dispensado.”

A cerimônia de admissão é marcada pelo compromisso do postulante, que o obriga a converter-se a Lei de Moisés, com as interpretações dada pela Comunidade, conforme diz a Regra da Comunidade (1QS V). 

 

Museu de Israel digitalizam manuscritos do Mar Morto

O Museu de Israel apresentou em parceria com o Google o projeto de digitalização dos manuscritos do Mar Morto, uma iniciativa que universalizará o conteúdo do testemunho escrito mais antigo dos costumes e práticas da região há 2 mil anos. o projeto permite visualizar antigos documentos pela internet e inicialmente, textos foram traduzidos para o inglês.

O museu divulgou na internet cinco dos seus oito manuscritos escritos em hebraico e aramaico, em um "casamento perfeito" entre tecnologia e história, disse o diretor da instituição, James Snyder.

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Manuscritos do Mar Morto foram digitalizados pelo Google (Foto: Divulgação)

Fotografados página por página com uma câmera de alta resolução, os manuscritos foram digitalizados e reconstruídos até que as imagens ganhassem o aspecto original.

"A internet rompeu a barreira que havia entre a informação e as pessoas", explicou Yossi Matias, chefe de pesquisa e desenvolvimento do Google Israel, que destacou a importância de "universalizar" este tipo de conteúdo.

Por enquanto, o Google só traduziu o manuscrito principal, atribuído a Isaias, para o inglês, mas está prevista também a tradução para o espanhol e outros idiomas, disse o curador dos Manuscritos do Mar Morto, Adolfo Roitman.

Descobertos ocasionalmente por um pastor em 1947 em cavernas localizadas em Qumran, importante sítio arqueológico próximo ao Mar Morto, os textos em pergaminho contêm fragmentos de todos os livros do Velho Testamento, exceto o de Ester, assim como vários apócrifos e escrituras de seitas.

O museu possui oito dos manuscritos, que estão divididos em 30 mil fragmentos, mas ainda existem outros em poder da Autoridade de Antiguidades de Israel e colecionadores particulares.

marcos-teixeira

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ESHEL,Hanan. The Kittim in the War Scroll and in the Pesharim. Jerusalem: Orion Center.

POUILLY,Jean. Qumrã. Traduzido por Benoni Lemos. São Paulo: Paulinas,1992

VERMES, Geza. Manuscritos do Mar Morto. Traduzido por Júlia B. Bartolomei e Maria

Helena de oliveira Tricca. São Paulo: Mercuryo, 1991

O Globo

 

 

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