Qui25042024

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Natanael Idarous - Reconciliação

reconciliacaoComo posso reconciliar-me com um Deus Santo?

Aos cinco anos de idade, começaram a ensinar-me a ler o Corão em árabe. Depois fui um estudante tímido que lutava para ser professor de Islamismo numa região que já produziu grandes eruditos da religião muçulmana. Estudava rodeado por grandes torres de mesquitas de onde ressoavam as vozes melodiosas dos muezins, num ambiente em que não se permitiam dúvidas. Felizmente, meu tutor era um parente próximo e eu pertencia a uma família sharif (supostamente descendente de Maomé); portanto, gozava de uma posição privilegiada entre os muçulmanos sunitas.

Estive preso por quatorze meses por causa de minha ideologia política durante a revolução que derrubou o governo árabe do Sultão de Zanzíbar. Com outras quinze pessoas permaneci numa cela de um metro quadrado. Foi ali, numa clara e fresca manhã, com a chuva gotejando do teto de minha cela, que ao acordar descobri um livrinho ao lado de meu cobertor. Esse foi meu primeiro contato com o Novo Testamento. Como nenhum dos outros prisioneiros admitisse ser seu dono, supus que algum visitante da Cruz Vermelha o tivesse colocado ali. Para mim foi um maravilhoso companheiro nas horas do dia que passávamos fora da cela. Eu o lia diariamente, embora sendo muçulmano e, quanto mais me aprofundava, mais me apegava a ele.

Então, deparei-me com uma pergunta difícil para um muçulmano: “Como pode haver um só Deus e existir a Trindade?” Embora não me sentisse capacitado, decidi estudar como foi a obra poderosa de Cristo e até que ponto Maomé tomou para si o título de profeta. Eu não estava disposto a duvidar do conteúdo da Bíblia nem a crer, como os muçulmanos que afirmam que os cristãos adulteraram o livro de Deus. Não tinha ninguém que pudesse me ajudar, pois o único cristão nesse lugar era o encarregado da cadeia. Mas, pela graça do Senhor, imediatamente depois de receber minha liberdade, tive a oportunidade de pedir alguns cursos bíblicos por correspondência da cidade de Dar-es-Salaam. Continuei fazendo esses estudos, enquanto à noite recebia ensinamentos sobre o Islã.

Foi nessa época que tive uma melhor compreensão da verdade de Deus e finalmente obtive o dom da Salvação por meio da fé no sangue redentor de Jesus Cristo. Tomei esta decisão com a clara orientação de Deus. Se eu escrevesse todas as minhas experiências, poderia encher volumes inteiros com a mensagem de Deus em tempos de adversidade; entretanto eu me tornei cristão quando, falando em termos humanos, estava muito feliz.

Minha conversão era um evidência de que, pela graça de Deus, havia podido livrar-me dos laços que me impediam de conhecê-lO. A Bíblia desempenhou um papel fundamental nisto. Desde o início, dois versículos haviam me tocado: um, o anúncio: “Porque a graça de Deus se manifestou para salvação de todos os homens.” (Tito 2.11); e o outro, um desafio: “como escaparemos, se negligenciarmos uma tão grande salvação?” (Hebreus 2.3)

Li muitos livros que ganhei de presente e que eram de diferentes denominações. Mas decidi que somente a Bíblia tinha a resposta para minhas inquietações e, pouco a pouco, perdi o interesse em outros livros. O diretor do Instituto Bíblico por correspondência me deu de presente uma Bíblia, em um momento propício, e ele mesmo me apresentou a uma comunidade cristã.

Na Bíblia aprendi que sou pecador e que todos nascem com uma natureza pecaminosa; percebi que este é o maior problema da humanidade. Em I João 1.5-6 lemos: “ Deus é luz e não há nele nenhuma treva. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andamos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade.” Vemos que todos são pecadores que caminham na escuridão; mas Deus é luz, totalmente diferente da humanidade. Não somente isso, mas assim como a luz e as trevas não podem conviver, também Deus não pode conviver com o pecado. Como posso eu, um pecador condenado à morte, reconciliar-me com um Deus Santo? Como os meus pecados podem ser perdoados para obter a comunhão com Ele? “Palavra fiel e digna de ser recebida por todos: Que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (I Timóteo 1.15). Este mesmo homem Jesus, a quem eu inicialmente tomei por um profeta inferior a Maomé, é, na verdade, o Salvador que veio ao mundo para solucionar nosso problema mais grave.

Foi difícil professar minha fé em Cristo entre os muçulmanos fundamentalista de Zanzíbar. Eu sabia que minha mãe ficaria muito decepcionada, porque para ela o fato de pertencer à comunidade Sharif era um Dom muito precioso de Alá. Meu irmão mais velho tinha fortes convicções marxista-leninistas, e tal fato causava a ela uma grande dor; depois ocorreu minha detenção, o que aumentou sua aflição. Seu único consolo era minha libertação e que eu continuasse fiel à fé que ela me havia ensinado.

O primeiro a notar que eu não ia mais à mesquita, lia a Bíblia com freqüência e que ia à Igreja aos domingos foi um amigo íntimo. Fui convocado para uma reunião familiar para discutir o assunto. Eu reafirmei meu amor pela família e insisti que, se objetavam minha fé cristã, deviam considerar o assunto à luz dos motivos que eu havia tido para me converter e da verdade em que fundamentava meu comportamento. Em vez disso, decidiram prepara com a benção do Sheik, um coquetel de bebidas que, supostamente, teria poder para mudar minha atitude. Eu não poderia recusar, pois seria minha mãe quem me daria a bebida.

Ao mesmo tempo, recebi cartas de amigos cristãos que me aconselhavam a não ter medo de proclamar o nome do Salvador. Aceitei o convite de alguns missionários e fui passar duas semanas em Dar-es-Salaam. Queria ser batizado ali, mas os líderes da igreja não aceitavam que eu me batizasse sem que recebesse antes uma boa preparação. Tanto ali, como no Quênia, país que visitei um pouco depois, aproveitei o bom companheirismo cristão dos crentes africanos e europeus. Depois fui a Adeu, cidade natal de meu pai. Era uma época de grande tensão, e como vivia entre muçulmanos, raramente podia reunir-me com outros cristãos. Assim, somente depois de um ano é que pude ser batizado. Eu insisti que fosse por imersão, fato que trouxe algumas dificuldades nessa época de turbulência. Como resposta de minhas orações, fui batizado na praia como símbolo da morte, sepultura e ressurreição de Cristo, tornando-se assim realidade em minha vida o meu nascimento para uma nova vida. Agora minha alma chegou a uma perfeita paz, repleta de amor por Jesus Cristo e me regozijo dia e noite em minha redenção por Seu sangue. É meu desejo sincero que todo homem, mulher e criança possam encontrar o caminho da salvação e assim saborear a doçura da alegria em Cristo Jesus.

 

 

R. F. Wootton

@ 1987 Misiones Mundiales

Casilla 711, 3000 Santa Fé, Argentina

 

 

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Este é o homem a quem olharei...

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"Treme da minha palavra...", Isaías 66:1-2

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