Sex19042024

Back Início Igreja Ecclesia - εκκλησία Biografias Heinrich Emil Brunner

Heinrich Emil Brunner

heinrich-emil-brunnerHeinrich Emil Brunner (1889 - 1966) foi um teólogo protestante suíço (reformado). Junto com Karl Barth, ele foi comumente associado a neo-ortodoxia ou o movimento da teologia dialética.

Estudou nas universidades de Zurique e Berlim, recebendo seu doutorado em teologia de Zurique em 1913, com uma dissertação sobre o elemento simbólico no conhecimento religioso. Brunner serviu como pastor 1916-1924 na aldeia de montanha de Obstalden no cantão suíço de Glarus. Em 1919-1920, ele passou um ano nos Estados Unidos estudando no Union Theological Seminary em Nova Iorque.

Brunner rejeitou o retrato da teologia liberal de Jesus apenas como um ser humano altamente respeitado. Em vez disso, Brunner insistiu que Jesus era Deus encarnado e central para a salvação.

Brunner foi considerado o principal proponente da nova teologia muito antes de o nome de Barth ser conhecido nos Estados Unidos, como seus livros foram traduzidos para o Inglês muito mais cedo. Brunner uma vez reconheceu que o único gênio teológico do século 20 foi Barth. 

 

MGT

- - - -

 Emil Brunner (1889 - 1966) foi um importante teólogo suíço. Juntamente com Karl Barth, ele é comumente associado à neo-ortodoxia ou movimento dateologia dialética.

O teólogo neo-orthodoxo Emil Brunner foi ordenado pela igreja reformada da Suíça e foi professor de Teologia Sistemática na Universidade de Zurique, onde sempre ensinou, exceto por longas turnês de palestras nos Estados Unidos e na Ásia. Ele, junto com Karl Barth, buscou reafirmar os temas centrais da reforma protestante contra o clima predominante de teologia liberal. Apesar de, assim como Barth, tenha sido arrastado por um socialismo religioso na juventude, começou a considerar essa postura como “uma bela ilusão” diante dos horrores da Primeira Guerra Mundial. Ademais, aqueles horrores deram um fruto que Brunner considerou ainda mais horrendos: o Estado moderno, totalitário, ateu e coletivista. Em resposta a isso, sentiu-se compelido a formular um sistema completo de ética social cristã que fosse, de uma só vez, conforme a igreja reformada, bíblica e de cunho personalista.

A ética social de Brunner tem como “primeiro dado” a “individualidade do ser humano” criado à imagem de Deus e “predestinado à comunidade.” Desse ponto de partida, critica de modo veemente o estado coletivisra como o “apogeu da injustiça.” Segundo Brunner, a primeira falha do coletivismo é ignorar a individualidade dada por Deus e a dignidade da pessoa humana. Do mesmo modo, Brunner também faz críticas ao individualismo radical postulado pela moderna teoria democrática, pois vê a comunidade como algo meramente instrumental aos desejos de indivíduos totalmente auto-suficientes. Ainda que suas conclusões sejam diferentes da teoria política dos liberais clássicos, considerados no sentido estrito, as percepções de Brunner sobre antropologia teológica são de considerável valor para os pensadores sociais cristãos.

Onde o pensamento social de Brunner é mais concordante com o liberalismo clássico é no modo de entender o melhor regime de governo, que ele denomina “federalismo”, ou seja, “o Estado construído de baixo para cima.” Segundo Brunner, Deus criou certas “ordens de criação”, que são parte da graça protetora de Deus para organizar a vida humana. Essas ordens incluem as comunidades humanas “nas esferas econômicas, técnicas, puramente sociais e intelectuais.” Brunner é muito claro, entretanto, em frisar que a comunidade não é equivalente ao Estado. Na verdade, tais ordens criacionais existem fora e anteriormente ao Estado. Por exemplo, a família é a “primeira comunidade” cujos “direitos têm absoluta precedência” sobre qualquer outra instituição. Ademais, entre a família e o Estado há “uma grande quantidade de vínculos intermediários”, cada um deles ordenado por Deus para um determinado propósito, que o Estado não deve usurpar, mas preservar e proteger. Assim, o Estado é severamente limitado no seu escopo de autoridade legítima.

"Essa inversão da estrutura do Estado que, em vez de ser construído de baixo para cima, é organizado do alto, é uma das grandes iniquidades de nosso tempo. Iniquidade que eclipsa todas as outras e as gera de si mesma. A ordem da criação é virada de cabeça para baixo. O que deveria ficar por último é o primeiro, o meio, o subsidiário, se torna o principal. O Estado, que deveria ser somente a casca na vida da comunidade, se torna a própria árvore."

Wikipédia, a enciclopédia livre.  

- - - -

Vida e obra

Brunner nasceu em Winterthur, na Suíça alemã, em 23 de dezembro de 1889 e morreu em Zurique, em 06 de abril de 1966. Doutorado em Teologia por Zurique (1913) e membro pesquisador do Union Seminary de Nova York, de 1919 a 1920, foi consagrado para o ministério pastoral da Igreja Evangélica Reformada (calvinista), permanecendo de 1916 a 1924 como pastor em Obstalden, onde acompanha a irrupção das novas idéias teológicas decorrentes da obra de Karl Barth, com quem se associa quase que imediatamente. Durante o período de amizade com Barth, Brunner publica Experiência, Conhecimento e Fé (1921) em que acusa a teologia moderna de estar eivada de psicologismo e de historicismo que nada mais representam do que o reducionismo e a fuga da verdadeira perspectiva da fé. Em 1924 sua obra A Mística da Palavra, examina o sistema de Schleiermacher para concluir que este havia transformado a fé em uma indiferenciada filosofia da identidade. Como conseqüência dessas obras, é nomeado nesse mesmo ano professor de Dogmática na Universidade de Zurique passando a partir de então a ser, mesmo depois da controvérsia da revelação natural, a ser associado à nova teologia evangélica nos anos seguintes.

 A teologia de Emil Brunner

 Brunner reconhece que a época em que escreve é um momento de transição. A grande questão não é mais reconhecer esse fato mais sim como o Cristianismo se insere nele. A sociedade está doente e o maior sintoma dessa doença são as ideologias que levam o homem à destruição pelo seu caráter sedutor e pela beleza idealista da sua mensagem. A função da teologia, portanto, não é apenas mais a de propagar a fé, mas restabelecer o primado da fé numa sociedade ideologizada. Contudo, a fé cristã está obliterada pelo entulho liberal que se condensara ao longo dos séculos XIX e XX por meio de um brutal revisionismo dos conceitos de fé até então considerados como axiomáticos no cerne do cristianismo. Gradualmente, diz Brunner, os conceitos bíblicos dualistas foram substituídos por um idealismo progressivo, monístico e otimista; as doutrinas bíblicas da salvação e da revelação por idéias estóicas e platônicas. O “Filho de Deus”, o Messias foi transformado num gênio e herói religioso; creatio ex nihilo tornou-se creatio continua, isto é, evolução; salvação foi identificada com comportamento religioso e melhoria ética; julgamento e perdão foram transformados em valores subjetivos de um tipo sentimentalmente religioso. Em resumo, se jamais a arte de despejar vinho novo em odres velhos foi praticada com sucesso, a teologia moderna pode reinvidicar a recompensa. Para Brunner, a teologia liberal prestou um desserviço para a fé ao querer reduzir o cristianismo a pouco mais do que um conceito, a uma categoria de forma moral e em sua crítica ele joga no mesmo tacho tanto Schleiermacher e Ritschl quanto Harnack e até Rudolf Otto, além é claro, de instituições teológicas situadas na Europa e nos EUA como o Seminário Union de Nova York e a Faculdade de Teologia da Universidade de Harvard. Tudo isso para nos dizer que a teologia liberal dissocia-se tão completamente do espírito da Reforma como ainda mais do próprio NT. É incrível que Brunner coloque Rudolf Otto nessa categoria de teólogos liberais mas isso é certamente reflexo do momento em que escreve em que qualquer coisa de novo certamente tinha sabor liberal. Contudo, se o modernismo é uma praga, para o teólogo de Zurique o fundamentalismo não o seria menos. O fundamentalismo e a ortodoxia em geral são uma petrificação do cristianismo; e o modernismo e todas as doutrinas de imanência são a sua dissolução. Assim, a nova teologia que ele propõe junto com o seu colega da Basiléia, pelo menos nesse momento, é uma teologia que revise toda a ortodoxia, não para suprimi-la, mas para estabelecer uma nova base de diálogo com o seu tempo, com a sua realidade histórica e intelectual. É por isso que Brunner diz:

 Nossa crítica ao fundamentalismo e a ortodoxia é de outro tipo. Esse tipo de pensamento não tem renunciado a substância do cristianismo, à moda do liberalismo. A ortodoxia erra em sua insistência na rigidez e finalidade de sua forma geral, por causa de sua falta de discernimento crítico, supõe ser essencial à sua existência. o espírito e atitude da ortodoxia aparece no conceito central da teologia, aquele da revelação. Não se pode ser negado com sucesso o fato de que a Igreja Católica permanece ou cai em sua confissão; Deus manifesto na carne, o próprio Deus, não mera idéia de Deus. Mas a ortodoxia nunca tomou seriamente o fato da encarnação. A revelação de Deus nunca pode ser uma verdadeira revelação sem ser, ao mesmo tempo, um disfarce, uma auto-ocultação. “Deus encarnado” significa que o Mediador, quando apareceu na história, foi o verdadeiro homem. O Filho de Deus incógnito caminhou entre os homens. Somente a fé pode penetrar o véu. “Carne e sangue não tem revelado a ti” (Mt 16.17). A ortodoxia tem continuamente tentado provar, por argumentos históricos, que Jesus era o Deus homem. É uma tentativa para mitigar a suspeita do cético que ele poder ter sido um mero homem. Esta tentativa de prova histórica tem conduzido a ortodoxia ao conflito com a ciência. (...). As Escrituras – e somente as Escrituras – são a Palavra de Deus. O que é dito do Deus encarnado é verdade na revelação na Bíblia. Para ser uma revelação real ela deve ser velada. A Palavra de Deus na Escritura é muito pouca coisa para ser velada. A Palavra de Deus na Escritura é muito pouca para ser identificada com o Cristo segundo o Espírito. As palavras das Escrituras são humanas, isto é, Deus fez uso de humanos, e, portanto, frágeis e falíveis palavras de homens que estão sujeitos a errar. Mas os homens e suas palavras são os meios através dos quais Deus fala aos homens e no homem. Somente através de um sério equívoco a fé genuína encontrará satisfação na teoria da inspiração verbal da Bíblia.

 A teologia reformada de Brunner

 Brunner é um teólogo reformado, isto é, calvinista, tal como Barth e Moltmann, portanto, em sua teologia há espaço de sobra para a discussão do tema da predestinação. Brunner que o interesse dos reformadores na sola gratia (pela graça somente) levou-os a um amplo e visceral ataque contra toda e qualquer forma de sinergismo que pudesse aparecer na teologia reformada. Assim o homem é mero objeto da graça, ou para usar uma fórmula mais paradoxal, Deus é a causa e a fé o seu efeito. Brunner entende que a reforma – isto é a reforma monergística – fez uma leitura equivocada da doutrina da eleição, esquecendo que essa eleição estará sempre condicionada a um encontro pessoal com Deus. O eleito é chamado individualmente para essa obra santa, a submissão à exclusividade do senhorio pela fé. Com isso concebeu-se a idéia de que a fé seria tão somente o efeito da graça divina como sua causa. Com isso, a fé se transformou num agente estritamente passivo quando na verdade ela representa relacionamento. Assim, a doutrina da eleição distorceu-se de tal modo que se transformou numa espécie de determinação. A vida humana já está definida e as peças da vida são apenas movimentadas como num tabuleiro de Xadrez. Nenhuma manobra, nenhuma possibilidade de movimentar os peões em outra direção pode ser esboçada porque na verdade o jogo já está jogado, ou melhor, seu resultado já está definido independentemente do modo como terminar a partida. Se isto é o que significa eleição, diz Brunner,

 Então não há determinismo mais radical do que aquele que está contido na doutrina da eleição ou predestinação. foi, de fato, o próprio Lutero que, em sua ânsia para combater a doutrina da liberdade ensinada por Erasmo, o tipo errado de determinismo e, assim, repelir a ameaça à doutrina da sola gratia, introduziu-se esta linha determinista e poderia não ser suficiente para expressar a completa passividade do homem pelo uso de todos os tipos de idéias causais.

 Brunner, porém, não nega que há eleição.

É Seu livre propósito que coloca-nos pecadores, por meio da fé, na realidade do Filho do Seu Amor, como é Seu propósito enviar-nos Seu Filho, revelar-nos a nós e partilhar a Si mesmo conosco (...). Em sim mesmo, o Filho significa Eleição. Onde o Filho está há eleição. Mas onde o Filho não está não há eleição. Mas o Filho só está presente onde há fé, por isso no Novo Testamento os eleitos e apenas eles são aqueles que crêem. Por esta causa só a fé é decisão na qual o prêmio é a salvação ou a ruína. Não é uma decisão falsa onde tudo já foi decidido de antemão. As conseqüências podem ser sérias, se a fim de escapar da doutrina da dupla predestinação tomarmos o caminho errado e acabarmos no Universalismo.

É por isso que para Brunner o conceito de eleição é essencialmente um axioma que só pode mensurado pela fé do crente, porque essa fé é requerida dele, ou para ser mais sucinto:

Alguém de fato lê na Bíblia como um todo, como também em Paulo, muito acerca daqueles a quem Deus rejeita ou rejeitou (por ex. Rm 11.15), mas nunca sobre aqueles aos quais Ele rejeitou desde a eternidade. Alguém encontra que Deus endurece os homens (Rm 9.18),mas nunca que Ele os predestinou desde a eternidade para a dureza do coração. Está escrito na Epístola aos Romanos que Deus tem o direito de fazer com sua criatura o que desejar – e se desejar, pode também fazer vasos de ira (Rm 9.22), mas não diz que Ele predestinou homens desde a eternidade para serem vasos de ira e os tenha criado como tais. Pelo contrário, é precisamente aqueles a quem Paulo descreve no nono capítulo como vasos de ira (9.22) de quem ele diz, no décimo primeiro capítulo que já estão salvos(11.23ss) (...) por um lado, ninguém se aproxima tão intimamente do pensamento de um “duplo decreto da predestinação, um para a salvação e outro para a perdição” como o nono capítulo da Epístola aos Romanos. Por outro lado, ninguém se aproxima mais da doutrina da salvação universal como o final do capítulo onze. (...). Se perguntarmos a razão disso, então estes são justamente os capítulos que nos fornecem uma resposta: apenas o fiel pode saber a respeito da eleição. A fé, porém, embora sendo dom de Deus é requerida de nossa parte. Nós também devemos crer (1 Co 16.13; Cl 2.7; Ef 6.16), A Palavra de Cristo está sendo proclamada em todas as nações, com a exigência da obediência (Rm 15.18). O que mais importa é a decisão da fé (Rm 11.20).

Assim, Brunner não nega que há uma eleição, mas afirma que há um evento determinante na eleição que se chama fé sem o qual é impossível a pessoa ser salva e ter plena convicção da sua salvação. Esse é um princípio reformado porque recoloca a doutrina da justificação pela fé (Rm 1.17) no seu devido lugar a reafirma a sua importância soteriológica.

 

 

BRUNNER Emil. Dogmática, v.I, a doutrina cristã de Deus.

S.Paulo, Fonte Editorial, 2004. 

Dogmática, v.II, a doutrina cristã da criação e da redenção.

S.Paulo, Fonte Editorial, 2006. 

O Equívoco sobre a Igreja. S.Paulo, Fonte Editorial. 2000. 

Romanos. S.Paulo, Fonte Editorial, 2007. 

Teologia da Crise. S.Paulo, Fonte Editorial, 2004.

 

Fundamentos da Fé

fundamentos
Nada Além de Cristo Jesus
 

Prateleira

Este é o homem a quem olharei...

0-este-e-o-homem-a-quem-olharei

"Treme da minha palavra...", Isaías 66:1-2

Como isto te parece? O Altíssimo, busca atentamente algo nos homens, algo cujo valor transcende as iguarias dos príncipes desta terra.